Leve e moderno
A transparência, por tempos explorada principalmente na arquitetura externa, com efeito de sofisticação, entra com força no interior das residências
Publicado em 06/06/2010 | Ana Carolina Nery
A utilização de materiais que exploram a transparência se mantém em alta, tanto em artigos de decoração quanto na arquitetura de interiores residenciais. É uma tendência que dá toque de leveza e modernidade aos ambientes, sejam íntimos ou sociais. Quando se trata de design de produto, elas aparecem nos acrílicos e policarbonatos, principalmente em cadeiras e poltronas. As cortinas também ganham destaque nesse universo com tecidos especiais, como voile. E, mesmo se o produto não for transparente, o objetivo pode ser alcançado com artigos vazados.
As lojas estão repletas de produtos importados e de outros estados, como Minas e São Paulo, e caíram no gosto do público curitibano mais exigente, na avaliação da designer de interiores Eliane Caldeira. “Quem gosta de estilo está procurando mais a transparência, porque são produtos acompanhados de design, além de ser algo novo.” Em salas de jantar, copa ou dormitórios, cadeiras e poltronas complementam a decoração. “São muito modernas, têm tudo a ver com o momento. As coloridas são lindas, principalmente em quartos de jovens.”
Combinação
Os materiais não precisam ser, necessariamente, 100% transparentes. Eles permitem combinação com outros tipos de produtos, diz o designer Diego Miranda. “É possível misturar a transparência e a leveza do acrílico com a sofisticação do metal.” Ele destaca, ainda, um novo material, que chegou ao mercado, chamado 3form (40% de vidro reciclado, com cores e texturas). São utilizados para desenvolver painéis de ecorresina, que podem ser transformados em peças decorativas e funcionais, como divisórias, painéis e portas de correr.
Bom senso
Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
A designer de interiores Eliane orienta que se tenha bom senso na hora de definir pela aplicação da transparência no ambiente. “Objetos em acrílico e policarbonato, apesar de resistentes, são mais delicados. Pedem muito mais cuidado com sua utilização do que um objeto em madeira”. Ela lembra, ainda, que são peças com preços mais elevados. “Até aparentam ser mais baratas, mas têm um custo alto, afinal são de materiais derivados do petróleo.”
Também é importante saber dosar a quantidade de itens em um mesmo ambiente, acrescenta o arquiteto Zeh Pantarolli. “Cabe utilizar em até 50% do projeto. Nesse caso, menos é mais. Não adianta ser tudo muito lindo, porém com uma apresentação pesada. O lugar tem de ser agradável.”
Para aderir a essa moda não é preciso se desfazer de objetos e mobílias que não tenham características atuais. “Até mesmo espaços de composição mais clássica aceitam a inovação”, comenta a arquiteta Patrícia Vertuan. Mas é fundamental que os outros conteúdos combinem com a transparência. Cuidado com o excesso de informação. “Pegue uma mostra e coloque lado a lado do móvel para ver se agrada. É como comprar uma roupa, pensando se vai ou não combinar com o que já tem.”
Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Na residência de Cristiane de Fátima da Rosa, em Santa Felicidade, amplas portas de vidro dividem os ambientes
Rafael Dabul/Divulgação
Cadeira DAR, de Charles e Ray Eames, com assento e encosto em acrílico. Custa R$ 1.541, na Artesian
Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Sofá da italiana Kartell com braços e encosto em policarbonato (R$ 6.999, na Kraft)
Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Banco Stone, da Kartell, em policarbonato, por R$ 958, na Kraft
Rafael Dabul/Divulgação
Banqueta Bertoia, com estrutura em aço carbono cromado. Por R$ 780, na Artesian
Rafael Dabul/Divulgação
Cadeira Le Marie, do designer Philippe Starck, com estrutura em polipropileno injetado. Preço sob consulta, na Artesian
Rafael Dabul/Divulgação
Cadeira Poly, do designer indiano Karim Rashid: estrutura em polipropileno injetado. Preço sob consulta, na Artesian
Sensação de liberdade
Na arquitetura de interiores, o vidro, em cores e texturas variadas, é o material mais utilizado. Por meio dele, a transparência encontrou seu lugar, principalmente, como integração de espaços. “Optar por uma divisória em vidro é uma forma de não deixar o espaço muito enclausurado, uma artimanha para incorporar os espaços e dar ideia de amplitude”, diz a arquiteta Patrícia Vertuan.
A opção pela transparência possibilita o aproveitamento da iluminação natural, dentro do foco sustentável tão privilegiado por designers e arquitetos nos últimos anos. No projeto de sua residência, a dona de casa Cristiane de Fátima Manoel da Rosa, que mora com o marido e o filho de 11 anos em Santa Felicidade, gostou da ideia de aproveitar o verde que tem à sua volta. “Queríamos uma casa clássica por fora e moderna por dentro. Como moro em uma área de bosque, foram utilizados muitos vidros para aproveitar a vista externa”, diz.
A transparência aparece em várias outras partes da casa, como revela o arquiteto Zeh Pantarolli, autor do projeto. “Todos os ambientes são bem integrados por meio de amplas janelas de vidro. As cortinas de voile são bem transparentes, o banheiro tem uma bancada de vidro amarela e a cozinha tem uma bancada vermelha com vazado transparente.”
Pantarolli considera o vidro um curinga, quando se sabe dosar o uso dele. “Em uma sala, é possível abusar. Em uma cozinha, nem tanto, porque é um local onde circula muita gordura. O banheiro pode ganhar transparência na bancada, assim como uma das portas do guarda-roupas.”
Além de efeito de luz natural que proporciona, agrada pelo efeito cênico. Para a arquiteta Patrícia, a versatilidade oferecida pela indústria hoje permite trabalhar com várias padronagens e cores diferentes. “Temos vidros com listras, sementes e aqueles que imitam chapas de aço. Também trabalha com o sensorial, uma tendência na arquitetura. Onde há luz, as pessoas se sentem bem.”
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