24.8.12

Evento na França mostrou a arquitetura que provoca surpresas

Evento na França mostrou a arquitetura que provoca surpresas - Festival de Arquitetura Viva contou com instalações que transformaram o espaço urbano em Montpellier - extraído de Extado de Minas - o lugar certo.com


Ne Dérangez pas mes Cercles, por Julie Biron, de Berlim
A sétima edição do Festival de Arquitetura Viva (Festival des Architectures Vives – FAV), que aconteceu em Montpellier, na França, reafirmou o sucesso internacional que veio na trilha do grande êxito alcançado em 2011. Foram convidadas jovens equipes de arquitetos oriundos da Europa e da América do Norte que apresentaram instalações espaciais interativas em pátios internos e ruas de pedestres, passando pelos principais edifícios do centro da cidade. Com o tema surpresa, explorando o espaço construído e a conexão entre arte e arquitetura, as obras deveriam aguçar outros sentidos e surpreender o público não apenas através da visão. 
Com a instalação “Não perturbe meus círculos” (Ne dérangez pas mes cercles), o vencedor de 2012 foi a arquiteta independente praticante em Berlim Julie Biron. Formado por superfícies de discos, o espaço convida à aproximação com estas formas estáticas e sólidas e, ao mesmo tempo que geram variados efeitos sonoros, os discos vão se alterando à medida que se caminha entre eles, tornando a proposta uma obra vivencial. 

Projetada pelos catalães Erik Herrera Iturat, Cristina Bestraten del Pino e Aina Bigorra Gonzalez, a obra Tournaround é composta por um jardim de flores artificiais que lembram girassóis, em que o núcleo das plantas deu lugar a espelhos circulares que refletem as imagens dos espectadores e os convidam a participar da instalação. O cheiro que vem de flores de lavanda penduradas sobre redes provoca uma maior interação entre os visitantes e a obra, ressaltando a famosa e simbólica espécie típica do sul da França, na instalação Topographie de la Surprise, de autoria dos artistas e arquitetos do coletivo The UrbanB.
Le renversement du ciel, por Le Bureau des Affaires Scéniques (Suzanne Thoma e Domnine Jobelot), de Paris
Na obra Le renversement du ciel, assinada pelos arquitetos do estúdio francês Le Bureau des Affaires Scéniques, Suzanne Thoma e Domnine Jobelot, o olhar parece embaralhado, como era a intenção dos autores. Ao olhar para o alto, o público sente uma grande confusão visual através da inversão das fachadas que circundam um pátio interno. No decorrer do dia, de acordo com a posição do sol, o reflexo da luz sobre a instalação metálica Forêt urbaine também se transforma. A ideia é dos arquitetos norte-americanos do estúdio AA64, Phillip Anzalone, Stéphanie Bayard e Will Laufs.
Na instalação Premiere Neige, uma piscina suspensa revestida de pano branco com buracos em sua base cria a impressão de um grande campo nevado quando o visitante adentra na estrutura. 
Premiere Neige, por Le Collectif de la fourchette, de Québec, Canadá
O projeto que reverencia a neve é dos arquitetos canadenses do Collectif de la fourchette. Colocando lado a lado retas e curvas, um contraste tão simbólico da arquitetura contemporânea, a obra Smooth Rock, dos franceses do MN-Lab, Gwenole Mary e Arnaud Negre, direciona o olhar pela malha que acompanha o volume branco, colocando em questão a rigidez da geometria. 
Smooth Rock, por MN-Lab (Gwenole Mary e Arnaud Negre), de Nîmes, França

Em outra proposta, a sensação inusitada criada por um efeito visual tridimensional é o destaque da Wood Box. O cubo rodeado por placas intertravadas de madeira foi criado pelo Atelier Vecteur, de Montpellier. 
Wood Box, por Atelier Vecteur, de Montpellier, França
Uma série de balões prateados de gás hélio, amarrados sobre cubos de madeira, caracteriza o ByeByeBallon, obra de Samuel Berthomeau e Lucie Mothes, de Bordeaux, na França, que traz à memória lembranças da infância. O público é convidado a trocar os caixotes de lugar, quando surgem diferentes cenários, brilhos e reflexos. 
ByeByeBallon, por Samuel Berthomeau e Lucie Mothes, de Bordeaux, França
Coberta com papéis que reproduzem o cenário que há atrás, a estrutura de Invitation à la levitation parece transparente. Assim, os artistas Cyril Rheims e Mathieu Collos Pérols deram as condições para que a cadeira, sobre ela, pareça flutuar. 


Já a instalação Reframe, dos arquitetos holandeses Adam Scales, Pierre Berthelomeau e Paul van den Berg, ressalta a ilusão de ótica. Uma perspectiva de aparência infinita, na verdade em uma distância menor que três metros, é criada por molduras brancas dispostas com recortes distintos alinhados de maneira a proporcionar essa impressão.
Reframe, por Adam Scales, Pierre Berthelomeau e Paul van den Berg, de Roterdã, Países Baixos

Em Cité Surprise, Cité Surprenante, dos espanhóis Javier Pena Ibañez e Cristina Sanchez Algarra, uma série de caixotes de papelão pendurados oferecem, dentro de cada cubo, imagens de lugares pouco conhecidos de Montpellier que, conforme o visitante se afasta ou aproxima, sofrem efeitos visuais que lembram um caleidoscópio. 
Cité Surprise, Cité Surprenante, por Tri-Oh! ateliers (Javier Peña Ibáñez e Cristina Sánchez Algarra), de Madri


As intervenções colocadas em espaços urbanos exuberantes, que incluíam onze hotéis, transformaram a cidade durante o mês de realização, em junho deste ano, em um real polo criativo que forneceu aos espectadores uma oportunidade única de explorar os cenários arquitetônicos de uma maneira diferente e inovadora.



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